segunda-feira, 30 de junho de 2008

domingo, 18 de maio de 2008

sábado, 17 de maio de 2008

"Em São Paulo, a ação violenta tem atuado como norma, servindo-se de um processo histórico crescente de inversão de valores, ela tem operado folgadamente em todos os três campos possíveis de ação no espaço: formais, técnicos e simbólicos, conforme a classificação sugerida pelo ilustre geógrafo Milton Santos em seu livro A Natureza do Espaço - classificação que forneceu preliminarmente a estrutura das abordagens deste estudo.

Tal inversão coloca em crise a própria idéia de cidade como instituição, ou como acordo ético travado entre os habitantes e que deveria estar expresso nas regras que regem o convívio no ambiente urbano. Aquele antigo acordo travado entre cidadãos paulatinamente deixa de prevalecer para ser substituído por uma falta; a ausência de acordos e regras que caracteriza o quadro em que a violência urbana se alastra.

Essa crise da idéia de cidade põe em crise o propósito da atividade da arquitetura. Essa última se faz sentir em duas frentes solidárias e indissociáveis: na formação e no exercício profissional.

No exercício profissional, ela ocorre porque a crise da idéia de cidade trunca, ao mesmo tempo, a fonte da demanda, o meio em que opera e também a finalidade da ação, pois que trunca a idéia de cidade nos três campos que ela ocupa para a atividade da arquitetura. Essa crise no exercício profissional pode ser expressa da seguinte maneira :


Como propor projetos numa cidade que parece ter perdido o sentido ?



A crise na formação do arquiteto aparece porque, ao operar como norma, a violência desfaz também redutos e escancara abrigos preciosos que sustentavam e amparavam a existência dos sonhos das imagens que eram mobilizados na elaboração do "pensamento arquitetônico".
Portanto, essa crise na formação, servindo-se de Bachelard, pode ser expressa assim :

Como elaborar o pensamento arquitetônico quando o abrigo fecundo das imagens poéticas, que antecedem o próprio pensamento, parecem já ter deixado de existir?


É necessario esclarecer, ainda que sumariamente, o pressuposto em que se apóia a primeira crise: Em que medida a violência, ao atuar como norma no ambiente urbano, rouba o sentido que se esperava encontrar na cidade?"


ANGELO BUCCI tese de doutorado
"A Universidade de São Paulo é um desastre quanto a essa idéia
de cidade. Numa cidade como São Paulo, a Faculdade de Direito fica
no largo de São Francisco (1884), a Escola Politécnica (1894) estava
na rua Três Rios, de onde os estudantes iam a pé até o rio Tietê (que
ainda não era poluído) para remar, a Faculdade de Arquitetura (1902)
em um palácio na rua Maranhão, a Faculdade de Medicina (1891) no
Hospital das Clínicas (1928), e por aí vai. Como construíram uma cidade
universitária no mato? E chamar de cidade o que não é cidade?
É uma maldade terrível. Vai-se para o mato e pretende-se fazer uma
universidade, que nada mais é do que um conjunto de edifícios no
meio do gramado.
Não existe convivência nenhuma, porque entre as escolas não há
café, botequim, cinema, teatro, nada. Ela isola os estudantes, não há
transporte - a escola é grátis, mas aquele que não tem dinheiro para
comprar um carro não entra. Então o povo não entrou mais na Politécnica
nem na Arquitetura, por exemplo.
Quando acontecem passeatas e mobilizações pela cidade, os estudantes
não ficam sabendo. Antes, os estudantes trajavam-se para comer
com os professores, nos restaurantes, nos bares, havia uma certa
formalidade, mas hoje estão de bermuda, andando de skate nas rampas,
naquele pasto que fizeram e chamam de Cidade Universitária.
Então vocês podem ver como errar é fácil! Não é assim que se faz,
mas temos que acreditar que é possível corrigir essas coisas."

PMR maquetes de papel